Ela se destaca nos meus olhos. Saltita alegrias. Nos rodopios, o vestido de rendas e babados restaura harmonias antigas. A minúscula mãozinha agarra o pai carrancudo. Puxa-o na avidez de conhecer os detalhes do mundo. Aos gritinhos, arrasta-o, estimulando-o a ver. Ver e opinar. Dizer como é lindo, como é feio, engraçado, estranho, tudo que se oferece descompromissado aos seus olhinhos curiosos. Observo e meu coração dói. Vontade de agarrar esse pai pelo colarinho. Sacudi-lo com violência pedagógica. Acordá-lo dos seus trinta, quarenta anos. Forçá-lo a sentir a felicidade que flui gratuita por seu braço indiferente. Gritar para que olhe, uma vez ao menos, para baixo. Fazê-lo ver que a vida berra na alegria voluntária da filha, pesquisadora do mundo. Contenho-me e ele... (leia mais)
O velho e temido leão,
Com uma fome danada,
foi procurar o burrinho
para uma bela caçada.
E encontrando o animal,
Que não era muito esperto,
Combinou que ele seria
De uma ramagem coberto.
Tudo pronto, à caça foram.
E o burrinho camuflado
Tinha que urrar diferente
Do que estava acostumado.
O burro treinou bastante,
Foi treinando mais e mais.
Com seus urros bem estranhos
Espantou os animais.
As bestas apavoradas
Saíram em disparada.
E o leão se aproveitou
Pra fazer sua caçada.
Tendo feito várias presas,
Exausto, foi descansar,.
Então pediu ao asninho
Que parasse de urrar.
Aquele, já todo prosa,
Perguntou para o leão:
“E que tal a minha voz?... (leia mais)