São três horas da manhã. Acorda-se com os galos da redondeza disputando o maior canto. Bem que poderia dormir um pouco mais, até porque é domingo! Porém, logo se lembra das obrigações:
- Sim, é domingo, mas se não levantar logo pra cuidar nos afazeres... Se ficar de boa vida... Ah! Hummmm! – pensou consigo.
Ganhou forças, meteu dos pés, cumpriu sua devoção com três sinais do cristão acompanhado de palavras meio que automáticas, sentou-se aos pés da cama provocando certa chiadeira no colchão de capim.
A mulher, incomodada, puxa a coberta de retalhos e vira-se pro outro lado. Ele se levanta, aproxima-se da cabeceira da cama e com o tato procura o fósforo e acende o candeeiro. Esfrega os olhos, estica-se e pega a calça remendada pendurada num torno. Em seguida a veste por cima de um calção de malha azul juntamente com a camisa listrada “cor de bunina”.
- Mazé!
- Hum?
- Eu vou ver uma carrada d’água na fonte pros bichos e mais com pouco você vá pra cacimba arrumar pra beber. Viu?
- Hunrum!
Com o candeeiro vai até o quarto dos meninos:
- Ciço! Oh Ciço! Ciço!
- Senhor!
- Levante, meu filho, pra nós ir ver uma carrada d’água enquanto é cedo.
Meio enfadado o moleque ergue-se apertando os olhos enquanto o pai “encanga” os bois.
- Ciço! Oh Ciço! Ciço!
- Senhor!
- Bora, meu filho, pra não chegar aqui meio dia!
O moleque pula da rede, puxa a porta, escora-a com um pano de prato sexta-feira encardido e sobe no carro de bois.
- Se Deus quiser umas nove horas nós estamos em casa, né?
- Hunrum!
CADASTRE-SE GRATUITAMENTE | |
Você poderá votar e deixar sua opinião sobre este texto. Para isso, basta informar seu apelido e sua senha na parte superior esquerda da página. Se você ainda não estiver cadastrado, cadastre-se gratuitamente clicando aqui | |