- Curucucu! Curucucu!
- Hummmmm! Vou logo senão quando chegar lá não tem mais nada...
- Vai pra onde menino?
- Catar umbu, mamãe!
- Mas ainda é madrugada, meu filho!
- É sim senhora! Mas se eu não for agora, quando chegar lá os meninos do vizinho têm catado os melhores...
E lá vai o moleque apanhar umbu às quatro horas da manhã. Quase não dorme, ou melhor, como ele mesmo diz: “dorme com um olho no peixe e outro no gato”.
Mais tarde, o irmão pega o milho que sua adorável mãe colocou de molho na tarde anterior e se põe a moer.
A sofrida senhora, então, de posse da massa, prepara aquele delicioso cuscuz, o qual será devorado com o sumo dos fartos e ambicionados umbus.
- Nossa Senhora! Comi que nem rico! – diz o catador de umbu.
- Que nem rico mesmo, pois eles não dão valor a toda “merda” não, meu irmão – responde inconformado o outro.
- Deixa de ser mal agradecido, menino. Faz mal... A gente tem que dar graças a Deus pelo que tem! Tanta gente gostaria de comer pelo menos isso...
- Mas porque é besta e fica conformada com o jeito que vive. Por isso que não tem nada! Quero ver o “saco do rico” encher! – revidou o “mal agradecido”.
- Mas tu não tem jeito mesmo, né Manoel dos Santos? Quem trabalha Deus ajuda, meu filho! O pouco com Deus é muito e o muito sem Deus não é nada! – “argumenta” a mãe.
- No meu ver, Deus está presente onde se faz o bem, não importa a quantidade! – rebateu o “inconformado”.
- Vamos parando de vez com essa heresia! Onde já se viu? Agora! Tô bem criando comunista dentro de casa...
Cabisbaixo e pensativo, o obediente filho sai pro oitão. O catador de umbu vai balear e a angustiada mãe, resmungando, recolhe a mesa:
- Diabo mesmo! Onde já se viu isso?! Menino mal criado! Tomara ver!
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